A isto se deve a educação privilegiada e a excessiva protecção relativamente à dor a que fomos habituados.
Crescemos em ambientes assépticos, e todos os esforços foram feitos para que nem um arranhão fizéssemos nas nossas brincadeiras.
Tudo nos foi disponibilizado sem grandes entraves, e em caso contrário uma “birra” resolvia a situação.
A dor sempre nos foi mostrada como um sentimento a evitar a todo o custo e o acto de chorar muitas vezes recebido com negatividade.
Qual o resultado?
Tornámo-nos jovens impacientes e com dificuldades de concentração. Tudo tem de ser estudado de forma a ser assimilado em dois segundos, caso contrário corre o risco de nos passar ao lado.
Qualquer actividade que não seja suficientemente agradável e recompensadora em termos de prazer é por nós vista como algo maçador e portanto a evitar.
É precisamente neste contexto que surgem no mercado produtos com novas características. Já não basta ser útil. Agora um produto deve ser bonito e fácil de utilizar. Ele deve simplificar-nos a vida ao máximo e mais importante, evitar chatices e grandes esforços da nossa parte.
A nova garrafa Pluma, o mais recente produto lançado pela Galp, demonstra aquilo que acabei de referir. É bonita e possui uma cor atractiva. É leve e evita que tenhamos de carregar com um excessivo peso ás costas. Resumindo... simplifica-nos a vida.
Vejam aqui o spot publicitário da Pluma.
Também o recente lançamento do produto Essencial pela Compal veio mais uma vez responder ás necessidades peculiares desta nova geração com aversão á falta de prazer e com pouco tempo a perder. Com o seu lançamento, o consumidor já não necessita de descascar a fruta. É-lhe agora disponibilizado uma bebida que faz tudo isso por ele: basta destapá-lo e no seu interior teremos todos os nutrientes da fruta em questão, e sem caroços!
Este produto espelha não só uma simplificação da vida levada ao máximo, como também a velocidade com que a vida actual tem de ser vivida. É uma facto que não há tempo a perder, e muito menos com o descascar de uma maçã.
Dois produtos distintos mas que nos mostram uma só coisa: que somos uma sociedade em mudança, com novas necessidades de consumo. São estas novas necessidades de consumo o “espelho do que somos”? Disso já não há dúvidas.
Estaremos nós perante uma excessiva simplificação da vida, ou será ela uma consequência natural e necessária deste “Mundo em Mudança” em que vivemos?